LITERATURA - EXERCÍCIOS SOBRE NATURALIASMO
1. O Naturalismo, enquanto escola literária, emergiu no século XIX como uma radicalização do Realismo, buscando aplicar os preceitos do determinismo científico à análise da condição humana. Influenciado por teorias como as de Charles Darwin, Hipólito Taine e Claude Bernard, essa corrente literária propunha que o homem era produto do meio, da raça e do momento histórico, e que suas ações eram determinadas por instintos e fatores biológicos, muitas vezes em detrimento da razão e da moral. As obras naturalistas, por conseguinte, apresentavam personagens tomados por pulsões animalescas e ambientes degradados, revelando uma visão pessimista e fatalista da existência.
Com base nessa compreensão do Naturalismo, qual das alternativas abaixo melhor sintetiza seu conceito central na literatura?
a) O Naturalismo enfatiza a idealização da natureza como refúgio espiritual, onde o homem, livre de suas amarras sociais, atinge a plenitude de sua existência em harmonia com o universo.
b) O Naturalismo caracteriza-se pela exploração da subjetividade individual, priorizando a introspecção psicológica e a representação de estados de espírito melancólicos e oníricos, em contraste com a objetividade do mundo exterior.
c) O Naturalismo propõe a análise científica do comportamento humano, retratando o indivíduo como um ser determinado por fatores biológicos e sociais, revelando seus instintos e vícios em ambientes muitas vezes degradados, com foco na patologia social.e) O Naturalismo busca a representação alegórica de mitos e lendas populares, utilizando a fantasia e o irreal para tecer críticas sociais de forma velada, sem, no entanto, aprofundar-se na análise das motivações humanas.
2. A essência do Naturalismo literário reside na transposição dos métodos de observação e análise das ciências naturais para o campo da arte, resultando em uma representação da realidade de forma “científica” e determinista. Os escritores naturalistas agiam como “cientistas sociais”, investigando os comportamentos humanos sob a ótica da biologia, da sociologia e da psicologia da época, enfatizando a influência do ambiente, da hereditariedade e das condições sociais na formação do indivíduo. Essa abordagem resultava em narrativas que, por vezes, chocavam o público pela crueza das descrições e pela exposição de temas considerados tabus, como a sexualidade e a degeneração moral.
Considerando a aplicação dos princípios científicos à literatura naturalista, qual a principal implicação dessa abordagem para a representação dos personagens?
a) A elevação dos personagens a um patamar heroico, dotados de livre-arbítrio e capacidade de superar as adversidades por meio da força de vontade e da moralidade inabalável.
b) A idealização dos personagens como modelos de virtude e beleza, distanciando-os das imperfeições da vida cotidiana em busca de uma representação estética superior.
c) A construção de personagens arquetípicos, representações de tipos sociais e psicológicos universais, cujas ações e pensamentos são motivados por forças inconscientes e simbólicas.
d) A caracterização dos personagens como seres condicionados por fatores externos e internos, cujas escolhas e destinos são frequentemente predeterminados por sua herança genética, meio social e contexto histórico.
e) A representação dos personagens como figuras alegóricas, simbolizando conceitos abstratos ou ideias filosóficas complexas, com pouca preocupação com a verossimilhança psicológica ou social.
3. O Naturalismo floresceu em um período de efervescência científica e social no século XIX, marcado pelo avanço do positivismo de Auguste Comte, que defendia o conhecimento baseado na observação e na experimentação, e pelo evolucionismo de Charles Darwin, que propunha a seleção natural das espécies. A consolidação da burguesia e o crescimento das cidades também trouxeram à tona problemas sociais, como a miséria, a prostituição e a marginalização, que passaram a ser objeto de estudo e representação literária. Nesse cenário, o Naturalismo encontrou terreno fértil para se desenvolver, buscando compreender e expor as "leis" que regiam a sociedade e o comportamento humano.
Diante do contexto histórico e intelectual que impulsionou o Naturalismo, qual fenômeno socioeconômico e ideológico teve impacto mais direto na temática das obras naturalistas?
a) A ascensão do romantismo e a busca pela idealização da natureza como refúgio para os males da industrialização, promovendo uma visão otimista da sociedade rural.
b) A crise do feudalismo e a fragmentação dos impérios coloniais, levando os autores a refletir sobre a perda de valores tradicionais e a busca por novas identidades nacionais.
c) A Revolução Industrial e o consequente surgimento de grandes centros urbanos, que expuseram mazelas sociais como a pobreza, a doença e a criminalidade, e o avanço de teorias científicas que buscavam explicá-las.
d) A Guerra Fria e a polarização ideológica entre capitalismo e socialismo, que inspirou a criação de personagens engajados politicamente e a denúncia de regimes totalitários.
e) O Iluminismo e a valorização da razão e do progresso, que levaram à criação de utopias sociais e à crença na capacidade humana de construir um futuro ideal.
4. A segunda metade do século XIX foi um período de intensas transformações na Europa, caracterizado pela consolidação do capitalismo industrial, pelo crescimento populacional e pela expansão das cidades, que, ao lado do progresso, também revelaram a face sombria da modernidade: a miséria, a prostituição, a criminalidade e as doenças. Nesse cenário, o cientificismo ganhou força, com a crença de que a ciência poderia explicar todos os fenômenos, inclusive os sociais e psicológicos. O Naturalismo, ao incorporar essa visão, procurou analisar as patologias sociais e as taras humanas, muitas vezes com um olhar determinista e pessimista, mostrando a fragilidade do indivíduo frente às forças do meio e da hereditariedade.
Qual das seguintes teorias científicas do século XIX teve a maior influência na concepção determinista e na abordagem "científica" do Naturalismo em relação ao comportamento humano?
a) A Teoria da Relatividade, que revolucionou a física e a percepção do tempo e do espaço, levando os autores a explorar a subjetividade e a relatividade da experiência humana.
b) O Psicanalismo de Freud, que, ao desvendar o inconsciente e os mecanismos de defesa, influenciou a criação de personagens com traumas psicológicos e conflitos internos.
c) O Positivismo de Auguste Comte e o Evolucionismo de Charles Darwin, que forneceram a base teórica para a crença na capacidade de se analisar cientificamente a sociedade e o indivíduo como produto de seu meio e herança genética.
d) O Marxismo, que, ao analisar as relações de produção e a luta de classes, levou os autores a retratar os conflitos sociais e a opressão dos trabalhadores.
e) O Impressionismo na pintura, que, ao focar na luz e na cor, influenciou os escritores a descreverem ambientes de forma mais subjetiva e sensorial, priorizando a atmosfera em detrimento da objetividade.
5. O Naturalismo, assim como o Realismo, buscou retratar a realidade de forma objetiva e fiel. No entanto, enquanto o Realismo se preocupava em analisar as relações sociais e os conflitos de classe, o Naturalismo aprofundou-se na análise das patologias sociais e dos instintos humanos, muitas vezes sob uma perspectiva determinista e científica. A diferença sutil, porém significativa, entre as duas escolas reside na intensidade e no foco da representação: o Realismo tendia a ser mais observador e crítico, enquanto o Naturalismo era mais experimental e chocante, explorando as camadas mais brutais da existência humana.
Qual a principal distinção temática entre o Realismo e o Naturalismo, considerando a abordagem dos vícios e das misérias sociais?
a) O Realismo idealiza os vícios como manifestações da liberdade individual, enquanto o Naturalismo os condena como desvios morais.
b) O Realismo aborda os vícios como problemas éticos a serem superados pela razão, enquanto o Naturalismo os trata como resultado de determinismos biológicos e sociais inalteráveis.
c) O Realismo foca na representação dos vícios da alta sociedade e na crítica à corrupção política, enquanto o Naturalismo se concentra nos vícios das classes populares e na sua degeneração.
d) O Realismo evita a representação explícita dos vícios, utilizando a sugestão e o simbolismo, enquanto o Naturalismo os expõe de forma crua e detalhada, sem pudores.
e) O Realismo analisa os vícios como características individuais, enquanto o Naturalismo os interpreta como manifestações coletivas da decadência da espécie humana.
6. Embora Realismo e Naturalismo compartilhem a preocupação com a representação fiel da realidade e a crítica social, suas abordagens e foco divergem em aspectos cruciais. O Realismo, com sua prosa mais contida e analítica, frequentemente explorava as nuances psicológicas dos personagens e as complexidades das relações humanas em diferentes estratos sociais. O Naturalismo, por sua vez, radicalizou a objetividade e o determinismo, transformando a literatura em um "laboratório" onde os personagens eram submetidos a condições extremas, e seus comportamentos eram explicados por fatores biológicos e ambientais, muitas vezes beirando a zoologização do ser humano.
Considerando a forma como ambas as escolas abordam a análise do comportamento humano, qual característica é mais proeminente no Naturalismo em comparação com o Realismo?
a) A predominância da subjetividade e da expressão individual sobre a observação objetiva dos fatos.
b) A ênfase na moralidade e na busca por valores ideais que elevem o espírito humano acima de suas imperfeições.
c) A exploração da psique humana em suas dimensões mais profundas, com foco em conflitos internos e na busca por autoconhecimento.
d) A aplicação de métodos científicos à narrativa, com a análise do homem como um produto de seu meio e herança genética, expondo seus instintos e patologias.
e) A utilização de elementos fantásticos e oníricos para representar a complexidade do inconsciente e a dimensão metafísica da existência.
7. Apesar de suas semelhanças, o Realismo e o Naturalismo apresentam diferenças marcantes em suas propostas estéticas e ideológicas. Enquanto o Realismo buscou uma representação verossímil da sociedade, criticando os costumes e a hipocrisia burguesa de forma mais sutil, o Naturalismo radicalizou essa proposta, adentrando em aspectos mais sombrios da condição humana. As obras naturalistas, influenciadas pelo determinismo, frequentemente descreviam ambientes degradados e personagens tomados por instintos e vícios, revelando um pessimismo mais acentuado em relação à capacidade de transformação social.
Qual das seguintes afirmações melhor descreve a relação entre Realismo e Naturalismo no que diz respeito ao aprofundamento na representação da realidade?
a) O Realismo se limita à representação superficial dos fatos, enquanto o Naturalismo busca a essência dos sentimentos e emoções humanas.
b) O Realismo e o Naturalismo são sinônimos, pois ambos se preocupam com a representação fiel da realidade, sem distinção de profundidade ou foco.
c) O Naturalismo é uma extensão ou radicalização do Realismo, levando a objetividade e o determinismo a um grau mais extremo, explorando os aspectos mais primitivos e patológicos da natureza humana.
d) O Realismo se foca na crítica à sociedade aristocrática, enquanto o Naturalismo se dedica à idealização da vida no campo e da simplicidade dos costumes rurais.
e) O Realismo enfatiza a espiritualidade e a busca por um sentido maior na vida, enquanto o Naturalismo nega a existência de qualquer transcendência, priorizando o materialismo.
8. "O Cortiço", de Aluísio Azevedo, é uma obra-prima do Naturalismo brasileiro, que retrata a vida em um cortiço carioca no final do século XIX, expondo a influência do ambiente, da hereditariedade e dos instintos na formação dos seus personagens. A coletividade, o zoologismo e a descrição de comportamentos pautados por necessidades básicas, como a sexualidade e a sobrevivência, são elementos centrais na narrativa. A obra revela a degradação social e moral de seus habitantes, que são descritos de forma crua e, por vezes, chocante, como produtos de um meio degradado e de heranças genéticas desfavoráveis.
Com base na análise de "O Cortiço" como obra naturalista, qual a principal função da descrição do ambiente no romance?
a) Criar um cenário pitoresco e exótico para ambientar as aventuras e romances dos personagens, sem maior implicação na trama.
b) Servir como pano de fundo para a exposição de ideais românticos e da beleza da natureza, em contraste com a feiura da vida urbana.
c) Refletir e determinar o comportamento dos personagens, atuando como um fator decisivo na sua degeneração física e moral, evidenciando o determinismo ambiental.
d) Simbolizar a ascensão social e o progresso da burguesia carioca, apresentando o cortiço como um espaço de oportunidades para todos os seus moradores.
e) Representar a riqueza e a diversidade cultural do Rio de Janeiro, com a descrição de costumes e tradições locais de forma idealizada.
9. Em "O Cortiço", Aluísio Azevedo constrói uma galeria de personagens que são, em grande parte, "tipos" sociais, condicionados por suas origens e pelo ambiente insalubre do cortiço. João Romão, o protagonista, é um português ambicioso e inescrupuloso, que ascende socialmente por meio da exploração e da desonestidade. Outros personagens, como Pombinha, Jerônimo e Rita Baiana, exemplificam diferentes facetas da vida no cortiço, revelando a influência dos instintos e da sexualidade na formação de seus destinos. A narrativa, muitas vezes, adota uma perspectiva coletiva, mostrando a interação e a interdependência entre os moradores do cortiço.
Considerando a construção dos personagens em "O Cortiço", qual aspecto é mais enfatizado em sua caracterização, alinhando-se aos preceitos naturalistas?
a) A individualidade e a capacidade de superação das adversidades por meio da livre escolha e da força de vontade.
b) A complexidade psicológica e os conflitos internos que levam os personagens a questionar seus valores e sua identidade.
c) A representação de tipos sociais e o determinismo de suas ações por fatores biológicos e ambientais, como a hereditariedade, o meio e o momento histórico.
d) A idealização dos personagens como modelos de virtude e moralidade, exemplificando a capacidade humana de resistir à corrupção do meio.
e) A dimensão espiritual e a busca por um sentido transcendental na vida, que eleva os personagens acima de suas condições materiais.
10. A obra "O Cortiço" é notável pela sua capacidade de transpor para a literatura os princípios do Naturalismo, especialmente o determinismo. A narrativa apresenta a degradação dos indivíduos como consequência direta das condições precárias do cortiço e da influência da hereditariedade. A linguagem utilizada é crua e direta, muitas vezes com descrições detalhadas da sujeira, da miséria e da sexualidade, sem romantização. Essa abordagem visava chocar o público e expor as mazelas sociais de forma explícita, sem rodeios.
No que tange à linguagem e ao estilo de "O Cortiço", qual característica é fundamental para a expressão dos preceitos naturalistas da obra?
a) A linguagem rebuscada e metafórica, com o uso de figuras de linguagem complexas para criar um ambiente poético e idealizado.
b) A linguagem subjetiva e introspectiva, focando nos fluxos de consciência dos personagens e em suas percepções individuais da realidade.
c) A linguagem objetiva, descritiva e, por vezes, crua, com foco nos detalhes sensoriais e na representação fiel dos ambientes e dos comportamentos, sem idealizações.
d) A linguagem simbólica e alegórica, utilizando-se de elementos fantásticos para transmitir mensagens ocultas e críticas sociais veladas.
e) A linguagem dialógica e coloquial, com a predominância de diálogos espontâneos e a reprodução fiel da oralidade dos personagens, sem preocupação com a norma culta.
11. "O Cortiço" não apenas retrata a vida em um ambiente coletivo e degradado, mas também explora a "animalização" do homem, um conceito recorrente no Naturalismo. Os personagens são frequentemente descritos em termos de seus instintos mais básicos, como a fome, a sede, a sexualidade e a agressividade. A competição pela sobrevivência e a busca por prazeres imediatos são forças motrizes que moldam suas ações, muitas vezes ignorando preceitos morais ou sociais. A obra sugere que, em ambientes de privação, a razão cede lugar aos impulsos mais primitivos.
A "animalização" presente em "O Cortiço" serve a qual propósito central na obra?
a) Idealizar a natureza humana, mostrando que o homem é intrinsecamente bom e puro, apesar das adversidades do meio.
b) Criar um contraste humorístico entre a vida humana e a animal, divertindo o leitor com situações inusitadas.
c) Representar a degeneração do ser humano quando submetido a condições de miséria e abandono, revelando a força dos instintos sobre a razão.
d) Exaltar a capacidade de superação do homem, que, mesmo em condições adversas, consegue manter sua dignidade e valores morais.
e) Criticar o progresso científico, que, ao invés de elevar o homem, o degrada e o transforma em ser irracional.
12. A ascensão social de João Romão em "O Cortiço" é um dos eixos centrais da narrativa e ilustra, de forma contundente, o determinismo social e ambiental. De lavador de garrafas a proprietário do cortiço e, posteriormente, negociante próspero, Romão utiliza de todos os meios, lícitos e ilícitos, para alcançar seus objetivos, sacrificando a moralidade e os laços afetivos em nome do lucro e do poder. Sua trajetória é um exemplo da ideia naturalista de que o ambiente e a busca incessante por recursos podem moldar o caráter e as ações de um indivíduo, mesmo que isso signifique a completa desumanização.
Como a trajetória de João Romão em "O Cortiço" exemplifica o conceito de determinismo social e ambiental na obra?
a) João Romão, por meio de sua força de vontade e inteligência, consegue superar as adversidades do cortiço e se tornar um empresário ético e bem-sucedido, provando que o indivíduo é superior ao meio.
b) A ascensão de João Romão é resultado de sua herança genética de um homem trabalhador e honesto, que o impulsiona a prosperar, independentemente do ambiente degradado.
c) A trajetória de João Romão demonstra que o sucesso é alcançado por meio da cooperação e da solidariedade entre os moradores do cortiço, que o auxiliam em seus empreendimentos.
d) João Romão, ao explorar e manipular os outros moradores do cortiço, e ao se associar a figuras influentes, ilustra como o ambiente social e a ambição desmedida o moldam para a ascensão material, mas com a perda de sua humanidade.
e) A ascensão de João Romão é fruto de um acaso, uma sorte inesperada que o tira da miséria e o leva à riqueza, sem qualquer relação com suas ações ou o ambiente em que vivia.
13. "O Cortiço" pode ser lido como uma "crônica" social da cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX, expondo as tensões entre classes, a miséria e a hipocrisia social. A obra, ao detalhar as vidas de seus moradores, revela a dificuldade de ascensão social para aqueles que não possuíam capital ou influência, e a forma como o ambiente degradado e a luta pela sobrevivência moldavam as personalidades. A "invasão" do cortiço pelos novos-ricos e a posterior decadência de alguns personagens também servem como um comentário sobre a fluidez e a fragilidade das posições sociais.
A representação da sociedade carioca em "O Cortiço" demonstra qual princípio do Naturalismo em relação ao coletivo?
a) A superação das desigualdades sociais pela solidariedade e a união entre os moradores do cortiço, que se unem para construir uma sociedade mais justa.
b) A prevalência da harmonia e da ordem social, com a representação de uma comunidade coesa e livre de conflitos de classe.
c) O ambiente social como um organismo vivo, onde os indivíduos são partes de um todo, e seus comportamentos são influenciados pela coletividade, com a predominância dos instintos sobre a razão.
d) A idealização da vida urbana e a crença no progresso e na capacidade de superação das adversidades sociais por meio da educação e do trabalho.
e) A fragmentação da sociedade em grupos isolados, sem qualquer tipo de interação ou influência mútua, onde cada indivíduo é responsável por seu próprio destino.
14. "A Carne", de Júlio Ribeiro, é uma obra do Naturalismo brasileiro que causou grande polêmica em sua época pela exploração de temas considerados tabus, como a sexualidade feminina. A história de Lenita, uma jovem criada na cidade e levada ao campo, onde se entrega aos prazeres da carne, ilustra a ideia de que o homem é movido por instintos e paixões incontroláveis, e que a razão e a moral são meras fachadas. A obra, com sua linguagem direta e descrições detalhadas, busca chocar o leitor e expor a "animalidade" inerente ao ser humano.
Qual o aspecto mais controverso da obra "A Carne" de Júlio Ribeiro, que a alinha diretamente com as propostas mais radicais do Naturalismo?
a) A crítica velada ao sistema político da época, utilizando a alegoria para denunciar a corrupção e a injustiça social.
b) A idealização do amor romântico e a busca pela alma gêmea, em contraste com a superficialidade das relações sociais.
c) A exploração da sexualidade de forma explícita e a quebra de tabus morais, mostrando a força dos instintos em detrimento da razão e da moral.
d) A defesa da família e dos valores tradicionais, com a representação de personagens que buscam a redenção por meio da religião e da fé.
e) A análise da psique humana e dos conflitos internos dos personagens, priorizando a introspecção e a subjetividade.
15. "Casa de Pensão", de Aluísio Azevedo, é outra obra significativa do Naturalismo brasileiro. O romance narra a história de Amâncio, um jovem maranhense que, ao se mudar para o Rio de Janeiro e se hospedar em uma pensão, é arrastado para um turbilhão de vícios e degradação moral. A pensão, como microcosmo da sociedade, funciona como um ambiente que corrompe e deteriora os indivíduos, revelando a força do meio sobre a formação do caráter. A obra explora temas como a prostituição, a hipocrisia social e a falta de perspectivas para os jovens que chegavam à capital.
Qual o papel central do ambiente da pensão na obra de Aluísio Azevedo, "Casa de Pensão", em consonância com as ideias naturalistas?
a) A pensão serve como um espaço de refúgio e acolhimento para os personagens, onde eles encontram apoio e solidariedade para superar suas dificuldades.
b) A pensão é um local de aprendizado e desenvolvimento pessoal, onde os personagens têm a oportunidade de crescer intelectualmente e ascender socialmente.
c) A pensão é retratada como um espaço de luxo e ostentação, onde os personagens se entregam aos prazeres da vida boêmia e da alta sociedade.
d) A pensão funciona como um agente de degeneração e corrupção moral dos personagens, expondo a influência nefasta do meio sobre o indivíduo e seus instintos.
e) A pensão é um cenário neutro, sem qualquer influência sobre o destino dos personagens, que são inteiramente responsáveis por suas escolhas e ações.
16. "O Missionário", de Inglês de Sousa, é um romance que se insere no Naturalismo brasileiro, explorando a influência do ambiente amazônico na formação e na degeneração do caráter. A obra narra a história de um padre que, ao ser enviado para uma missão na Amazônia, sucumbe aos prazeres da carne e à violência, perdendo sua fé e sua moralidade. O clima, a exuberância da natureza e a cultura local são apresentados como elementos que exercem uma força irresistível sobre o indivíduo, levando-o a abandonar suas convicções e a se entregar aos instintos mais primitivos.
Em "O Missionário", de Inglês de Sousa, como o ambiente geográfico da Amazônia contribui para a temática naturalista da obra?
a) O ambiente amazônico é idealizado como um paraíso natural, onde o padre encontra a paz interior e a elevação espiritual, fortalecendo sua fé.
b) O ambiente amazônico é retratado como um cenário exótico para as aventuras do padre, sem qualquer influência em sua moralidade ou destino.
c) O ambiente amazônico é apresentado como um fator determinante na degeneração moral do padre, que, ao sucumbir à exuberância e aos instintos da natureza, abandona seus princípios religiosos e sua moralidade.
d) O ambiente amazônico é um espaço de isolamento e privação, que leva o padre a desenvolver doenças psicológicas e a questionar a existência de Deus.
e) O ambiente amazônico serve como um catalisador para o desenvolvimento intelectual do padre, que, ao entrar em contato com novas culturas, amplia seus conhecimentos e sua visão de mundo.
17. "Bom-Crioulo", de Adolfo Caminha, é um romance do Naturalismo brasileiro que aborda temas como a homossexualidade e o racismo, considerados tabus na época. A história de Amaro, um marinheiro negro que se apaixona por um jovem grumete, é marcada pela paixão, pelo ciúme e pela violência, culminando em uma tragédia. A obra expõe a marginalização social e a opressão sofridas pelos personagens, que são vistos como produtos de um meio social adverso e de instintos irrefreáveis. A linguagem é direta e as descrições, por vezes, chocantes, revelando a crueza das relações humanas em um ambiente de exclusão.
Qual o aspecto mais impactante na obra "Bom-Crioulo", de Adolfo Caminha, que o alinha com a proposta naturalista de denúncia social?
a) A idealização da vida militar e a exaltação da disciplina e da hierarquia como valores fundamentais para a formação do caráter.
b) A celebração do amor puro e platônico entre os personagens, em contraste com as paixões carnais e os instintos animalescos.
c) A abordagem de temas como a homossexualidade e o racismo de forma explícita, revelando a opressão e a marginalização social de indivíduos vistos como "degenerados" por suas características ou comportamentos.
d) A crítica à religião e à moralidade como mecanismos de controle social, defendendo a liberdade individual e a busca pelo prazer.
e) A representação de um ambiente social harmonioso e inclusivo, onde as diferenças são respeitadas e a solidariedade prevalece sobre o preconceito.
18. A principal característica de "O Cortiço" de Aluísio Azevedo, que o insere de forma emblemática no Naturalismo, é a sua abordagem determinista. A obra demonstra como os personagens são produtos do meio em que vivem, da hereditariedade e do momento histórico. As transformações de João Romão, de Rita Baiana e de Pombinha são exemplos claros de como o ambiente, a convivência e os instintos moldam o destino dos indivíduos. A narrativa não se preocupa com a liberdade de escolha, mas sim com a inevitabilidade das ações humanas em face das forças que as determinam.
Em "O Cortiço", qual o principal argumento do narrador para explicar as mudanças de comportamento e o destino dos personagens?
a) A capacidade de superação individual e a força de vontade dos personagens em resistir às tentações e escolher o caminho do bem.
b) O livre-arbítrio e a responsabilidade de cada personagem por suas próprias escolhas, independentemente das circunstâncias externas.
c) O determinismo biológico, social e ambiental, que condiciona as ações e o destino dos personagens, tornando-os produtos inevitáveis de seu meio e herança.
d) A intervenção divina e o plano superior que guia a vida dos personagens, determinando seus caminhos e suas provações.
e) A influência da arte e da cultura na formação do caráter dos personagens, que, ao entrarem em contato com obras literárias e artísticas, transformam suas vidas para melhor.
19. A visão de mundo em "O Cortiço" é marcadamente pessimista e determinista. O autor não oferece saídas ou esperanças para a degradação humana, apresentando a miséria, a doença e a violência como consequências inevitáveis das condições sociais e biológicas. A obra não propõe soluções para os problemas retratados, mas sim a exposição crua da realidade, com o objetivo de chocar o público e fazê-lo refletir sobre a condição humana. Essa perspectiva desiludida é uma marca forte do Naturalismo, que se contrapõe à visão mais otimista e idealista do Romantismo.
Apresentada a visão de mundo predominante em "O Cortiço", qual alternativa melhor descreve o efeito desejado pelo autor ao retratar a degradação humana de forma tão explícita?
a) Incitar o leitor à ação política e à luta por reformas sociais que transformem as condições de vida dos mais pobres.
b) Provocar no leitor a idealização da vida no cortiço e a busca por uma existência mais simples e autêntica, longe da artificialidade da cidade.
c) Gerar no leitor um sentimento de compaixão e solidariedade para com os personagens, levando-o a oferecer ajuda e apoio aos que vivem em condições semelhantes.
d) Chocar o leitor com a crueza da realidade e levá-lo a refletir sobre a influência do meio e da hereditariedade na formação do ser humano, sem necessariamente propor soluções.
e) Divertir o leitor com as situações cômicas e as peculiaridades dos personagens, sem maior preocupação com a crítica social ou a reflexão sobre a condição humana.
20. A utilização da linguagem em "O Cortiço" é um dos elementos que reforçam o caráter naturalista da obra. Aluísio Azevedo emprega uma linguagem direta, objetiva e, por vezes, vulgar, com o uso de gírias e expressões populares. As descrições são detalhadas e sensoriais, com foco nos aspectos mais vis do ambiente e dos personagens, como a sujeira, o cheiro, os sons e os corpos. Essa escolha estilística visa a aproximar o leitor da realidade retratada, sem filtros ou idealizações, e a evidenciar a animalização do homem em um ambiente degradado.
Considerando a linguagem de "O Cortiço", qual o efeito principal do uso de uma linguagem direta e, por vezes, vulgar, combinada com descrições sensoriais detalhadas?
a) Criar um distanciamento entre o leitor e a realidade retratada, tornando a obra mais abstrata e universal.
b) Idealizar os personagens e o ambiente, apresentando uma visão poética e sublime da vida no cortiço.
c) Chocar o leitor e intensificar a sensação de verossimilhança, revelando a crueza e a degradação do ambiente e dos personagens sem eufemismos.
d) Demonstrar a erudição do autor e sua capacidade de utilizar a linguagem de forma complexa e sofisticada, distanciando-se do coloquialismo.
e) Gerar um efeito humorístico e leve, aliviando a tensão da narrativa e tornando a leitura mais agradável e descompromissada.
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